Ontem decidi ir dar uma espreitadela aos saldos de uma loja de lingerie e fui imediatamente abordada por uma das várias funcionárias da loja. Como eu até sou uma pessoa que de soutiens e cuecas percebe muito pouco, aceitei de bom grado a ajuda que a senhora ofereceu. Primeiro mediu-me para ter a certeza de qual era o meu tamanho e depois lá fez as suas sugestões.
Antes de mais, torci logo o nariz ao facto de começar a mostrar-me soutiens da nova coleção quando eu lhe tinha dito que só vinha dar um olho às promoções. Mas pronto, eu até sou da opinião de que é muito importante ter boas peças de roupa interior portanto, fui na onda. É depois disto que, para mim, a conversa começou a descambar e a deixar-me desconfortável:
vendedora - Ai e olhe que bom, estes soutiens são da nossa linhas super push up!
eu - Pois mas eu não gosto muito de push ups, acho-os desconfortáveis.
vendedora - Isso foi porque nunca usou dos nossos. Olhe experimente lá este e este, e este!
Reticente lá fui. Experimentei, confirmei novamente que não me sentia confortável com aquilo. Mas novamente ela continuou a insistir na ideia dos push ups porque mesmo depois de lhe ter dito que não gostava daquele formato (uma almofadinha ainda vá agora, almofadões que fazem lembrar roupa de cama é que não!).
E é aqui que eu faço uma pausa para perguntar: Então mas já não se pode ter maminhas pequenas? Mas agora eu tenho que andar com almofadinhas no peito só porque a sociedade me impinge que tenho que as ter maiores? Quando eu nem quero? Quando eu nem gosto? Será possível que uma pessoa como eu não se possa sentir confortável com o que tem? É claro, gostava de ter uma peito maior. Mas não tenho. Não nasci assim e já aceitei isso.
É que assim torna-se difícil uma pessoa se sentir bem consigo mesma: porque cada vez que entramos numa loja de roupa interior, há uma senhora que nos passa logo para o soutien push up como que dizendo que ter maminhas pequenas não dá, não é bonito, não é a norma.
Mas é. Para mim é. Portanto, por favor, deixem lá o meu 32B descansado. Sem almofadas, por favor.